Eu nunca fui uma criança normal, sempre gostei de me comunicar, aparecer, falar antes mesmo de me perguntarem, não estava nem aí para o que pensavam de mim, queria me expressar através da minha arte, cantar, imaginar sempre foi o meu forte.
Vivia no mundo da lua, tinha já o meu lado místico, pois lembro ter encontrado 2 CDs que meus pais tinham de meditação com sons de cachoeira, pássaros cantando. Eu colocava o cd no meu rádio da época, apagava as luzes do meu quarto, fechava a porta e me concentrava na música fingindo meditar. QUE CRIANÇA BRINCA DE MEDITAR?
Um dos meus filmes favoritos era Harry Potter, amava como a magia acontecia, e nas minhas brincadeiras ela era possível, pronto, queria eu ser uma bruxa e receber a tão sonhada carta de Hogwarts, mas quem nunca?
Lembro que quando tinha entre 7 e 8 anos fui ao trabalho junto com meu pai, queria ficar brincando de vendedora, ajudando as pessoas, isso de ajudar sempre esteve presente dentro de mim, em festas de aniversário carregava bandejas de docinhos para ajudar os garçons.
Quando sabia que alguém não gostava de mim em vez de ficar brava, xingar eu tentava ao máximo entender o que estava acontecendo, eu chamava para brincar, eu tentava ser amiga dessa pessoa, as vezes elas me viam e as vezes os meus esforços eram em vão.
Um dia estava em casa e meu pai trouxe uma caixa de pedras naturais brasileiras, os famosos cristais, lembro que fiquei fascinada, de tempos em tempos eu abria a caixinha onde eles estavam e admirava um por um, eu sabia que existia algo ali, mas não sabia para que as usar.
Sempre amei ir à praia, clube, a água me fazia muito bem, brincava com a minha irmã e minhas primas de sermos sereias e naqueles momentos aquilo era verdade, nós e a água éramos um só, fluindo e vivendo aquele momento, colocando todas as nossas emoções.
Eu choro muito também, eu tentava esconder por muitas vezes pois confundia com fraqueza, achava que aquela água escorrendo pelos meus olhos não era para ser vista, mas logo depois que o choro terminava, percebi que eu me derramava para limpar aquilo que não precisava mais, entendi que as vezes eu transbordo.
Para conhecer minha essência aprendi que o que sempre busquei estava ali comigo o tempo todo, os sinais eram claros, eu venho com ela muito antes de eu mesma me dar conta. Aquilo que eu sou e que eu me tornei fazem uma dança, o tempo as vezes se mistura, passado com o presente e encontramos sentido naquilo que não conseguíamos ver como caminho antes.
Nosso autoconhecimento vem de olhar para o que guardamos no fundo da nossa alma e de momentos tão simples que pareciam não importar tanto, se materializam e se mostram como o meu ser.
O que você precisa olhar do seu passado, da sua criança interior que faz sentido no aqui e no agora?